segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Matança do Porco - Uma Tradição Que Se Perde

Era tradição no século passado, por esta altura do ano e em algumas casas, proceder-se ao abate do “bicho” e para quê?
É que o ciclo da criação do porco até matança começava com a sua compra numa das feiras mensais, normalmente com a fêmea, tendo em vista a reprodução e venda da “ninhada” nas mesmas feiras. Começava aqui um rendimento para a economia doméstica.
Após a reprodução, a fase seguinte era a “engorda da progenitora” com a finalidade de, após a “matança”, os produtos daí derivados servirem para, durante o ano, acompanharem as refeições ou outros eventos.
Basicamente, eram, nesta primeira fase, as chouriças de farinha, de morcelas, de carne, algumas delas conservadas em potes de azeite (quem podia), também os presuntos que eram postos nas chaminés para, com a lareira acesa, o calor e fumo (defumar), criarem condições de conservação para utilização durante o ano.
Voltando ao sacrifício do animal, seguia-se a “desmancha” que mais não era do que separar todos os produtos, susceptíveis de uns serem de imediato utilizados, outros irem para o fumeiro e outros ainda a conservar pelo sal, serem guardados com este produto numa “salgadeira”, ou seja, numa pequena arca de madeira.
Cabe aqui referir que estávamos num tempo em que não havia frigoríficos e, em muitas casas, talvez a maioria, não havia electricidade. Num aparte, era o que acontecia com a conservação de outros produtos, como as batatas, fruta, etc., em que os antigos tinham a sua “ciência e arte” para utilizarem processos de conservação para o ano inteiro.
Com esta fase de auto abastecimento, terminava a da economia caseira, já que evitavam de ir ao mercado, sabendo bem que, naquele tempo, nem sequer sonhavam com os supermercados.
Voltando novamente à fase da matança do porco, seguem fotografias mais recentes que, não importando os nomes, ilustram como era sacrificado o animal. Em Fundo de Vila, o matador oficial era, normalmente, o “Ti Nicolau”. Seguia-se o chamuscar com tochas de palha para queimar os pêlos, a lavagem e rapar dos ditos pêlos (aqui servia-se o sangue cozido), a colocação de um “chambaril” entre as patas traseiras com a finalidade de o prender a um gancho no teto da loja, para o esventrar e limpar os produtos a utilizar em separado, como acima foi dito.
Começava aqui outra importante fase que era o convívio, ou seja, da reunião dos familiares mais próximos que, para além de ajuda, culminava no almoço em que os torresmos (que bons) eram o prato forte.
Com estes eventos, cultivava-se assim o conceito de família que os nossos pais, de forma pedagógica, nos transmitiam.


Fotos :A.R.Cunha
Texto por Tamarres

2 Olhares:

Anónimo disse...

Tradições que se vão perdendo... que saudades!!!!!

Anónimo disse...

Muitas destas tradições antigas de Nogueira era bom que as Associações locais fizessem um esforço de as não fazer cair no esquecimento e de vez em quando levar a efeito estes eventos