sábado, 29 de dezembro de 2007

Padre Manuel Henriques - O Pintor Santo (III)

A sua mente já só via os últimos momentos da sua vida. Dela falava repetidas vezes. O padre Manuel Fernandes, seu companheiro, testemunhou, lhe ouvira dizer, muitas vezes, que havia de acabar a vida quando o padre Gaspar de Gouveia acabasse de ser reitor do Colégio de Coimbra. Um outro lhe ouvira dizer que morreria dentro de seis anos e a um irmão que morreria em cinquenta e quatro (1654). A um outro disse que só ao Irmão António Henriques, seu sobrinho, escreveu que lhe parecia que não se veriam mais, porque uma pessoa, Serva de Deus, lhe dissera que havia de morrer no ano de cinquenta e quatro, que o encomendasse a Deus. Nos últimos tempos o modo como se explicava era dizer que havia de morrer quando acabasse de ser reitor o padre Gaspar de Gouveia. Chegado novamente ao Santuário da Senhora da Lapa, para renovar uns painéis da igreja (Agosto de 1654), andando com grandes dores de cabeça, disse a um seu companheiro que já tinha pouco tempo de vida. Perguntou-lhe este quanto tempo seria mais ou menos ao que lhe replicou mais uma vez: quando o Padre Reitor acabar. E assim foi. Nunca se soube que pessoa de virtude foi aquela tal que lhe havia declarado o tempo da sua morte. Quando falava da sua morte era com a boca cheia de riso, com quem nela se comprazia para ir gozar da vista do seu Criador. Das dores de cabeça passou-se a outros achaques, tudo sofrendo com grande conforto, sem se queixar nem dar algum incómodo. Três dias antes de morrer, disse novamente que estava perto do seu fim, pediu os Sacramentos e os recebeu com muita devoção. Deu muitas graças a Deus e a quem lhe trouxe os Santos Sacramentos dirigiu palavras de grande ternura. Referiu a Santíssima Trindade, Cristo Nosso Senhor, Anjo da Guarda e os Santos a que tinha especial devoção. Nestes três últimos dias padeceu extraordinárias ânsias, tristezas e agonias e com voz que parecia do outro mundo disse: “Eu dei com uma faca em um moço, dei-lhe na barriga e ele só três dias durou. Estou agora aqui eu penando por isso outros três dias. Deus assim o quer. Vão descansar, porque eu agora quero também descansar um pouco”. Dizendo estas palavras, era alta noite, se “encheu de força” e entrou imediatamente na última agonia. Morreu de tal modo composto que nem foi preciso fechar-lhe os olhos, compor-lhe a boca, cruzar-lhe os braços, estender-lhe os pés… Tal como Cristo, inclinou a cabeça para o lado da Senhora e se finou aos dois de Setembro de 1654, com 61 anos de idade e 37 de Companhia de Jesus.

6 Olhares:

Unknown disse...

Com a apresentação da III parte, ficamos a conhecer melhor este nosso conterrâneo, quer na sua dimensão religiosa de padre que faleceu com aura de Santo e jesuita exemplar, quer na vertente de pintor, deixando quadros de nuito mérito nos Colégios de Évora, Coimbra (Sé Nova) e Santuário da Lapa.
Se alguem merece ser recordado em Nogueira, será o Padre Manuel Henriques. Deixo aqui uma proposta para que seja dado o seu nome a uma rua da terra que o viu nascer.

Anónimo disse...

Concordo totalmente com a proposta lançada. Sem dúvida é merecida a atribuição do nome de Padre Manuel Henriques a uma rua. Certamente haverá ruas em Nogueira, onde a construção ainda é recente, que não têm nome. Lanço aqui o desafio a que se mencione se há essa possibilidade ou não.
Abraço.

Anónimo disse...

Em próxima Assembleia de Freguesia os deputados proponham essa possibilidade. Talvez no próprio novo loteamento que vai surgir atrás da Junta de Freguesia

Anónimo disse...

Pois isso já não sei se é possivel já que esse loteamento é privado, já dependerá da vontade dos proprietários, penso eu, que desconheço os parametros que regem esse tipo de borucracias. Mas concordo que seria um bom tema de conversa para a próxima assembleia.

Anónimo disse...

Penso que os lotes são privados mas os arruamentos são públicos.

Anónimo disse...

Os arruamentos serão de acesso publico no entanto as obras serão por conta do proprietario do terreno, pelo que penso que a decisão tambem terá de partir da vontade dele.